31 de outubro de 2010

Poesia:

Estes Sítios
Olha bem estes sítios queridos,
Vê-os bem neste olhar derradeiro...
Ai! o negro dos montes erguidos,
Ai! o verde do triste pinheiro!
Que saudades que deles teremos...
Que saudade; ai, amo, que saudade!
Pois não sentes, neste ar que bebemos,
No acre cheiro da agreste ramagem,
Estar-se alma a tragar liberdade
E a crescer de inocência e vigor!
Oh! aqui, aqui só se engrinalda
Da pureza da rosa selvagem,
E contente aqui só vive Amor.
O ar queimado das salas lhe escalda
De suas asas o nível candor,
E na frente arrugada lhe cresta
A inocência infantil do pudor.
E oh! deixar tais delícias como esta!
E trocar este céu de ventura
Pelo inferno da escrava cidade!
Vender alma e razão à impostura,
Ir saudar a mentira em sua corte,
Ajoelhar em seu trono à vaidade,
Ter de rir nas angústias da morte,
Chamar vida ao terror da verdade...
Ai! não, não... nossa vida acabou,
Nossa vida aqui toda ficou.
Diz-lhe adeus neste olhar derradeiro,
Dize à sombra dos montes erguidos,
Dize-o ao verde do triste pinheiro,
Dize-o a todos os sítios queridos
Desta ruda, feroz soledade,
Paraíso onde livres vivemos...
Oh! saudades que dele teremos,
Que saudade! ai, amor, que saudade!

Almeida Garrett

O búzio de Cós
Este búzio não o encontrei eu própria numa praia
Mas na mediterrânica noite azul e preta
Comprei-o em Cós numa venda junto ao cais
Rente aos mastros baloiçantes dos navios
E comigo trouxe o ressoar dos temporais

Porém nele não oiço
Nem o marulho de Cós nem o de Egina
Mas sim o cântico da longa vasta praia
Atlântica e sagrada
Onde para sempre minha alma foi criada

Sophia de Mello Breyner Andresen

18 de outubro de 2010

10 boas razões para celebrar a chegada do Outono

O início da nova estação pode ser motivo de tristeza e até depressão para alguns... é verdade, o verão chegou oficialmente ao fim. Mas...
1) As saudades da roupa de inverno;
2) O fim da silly season;
3) Os dias em tons dourados;
4) A liberdade quase total para comer coisas que engordam;
5) O S. Martinho, castanhas;
6) O regresso à vida quotidiana;
7) As vindimas;
8) Os feriados;
9) O fechar de um ciclo;
10) A praia?

in http://noticias.pt.msn.com/Imagens/gallery.aspx?cp-documentid=154750916

13 de outubro de 2010

Sabes, José?

Sabes, José? Nos quarteirões da minha cidade, voltaram os pedidos de meio frango com ar envergonhado e dinheiro contado. Na repartição dos correios, diante da minha porta, os funcionários já viram mãos alheias perto do gasganete em dias em que faltou dinheiro na caixa para pagar a pensão do mês. E há mais clientela esperando a sua vez.
Uma tragédia, José, quem havia de dizer que os nossos antigos iam morrer vivendo, de pé?
Também tenho reparado que os carrinhos de supermercado andam menos recheados, sabes? Mas deve ser das minhas vistas, tenho de mudar as lentes, certamente. Uma coisa tenho reparado e essa eu vejo bem: na hora de pagar, algo fica para trás. Um pacote, um algo que vinha e já não vem.
Nas farmácias, os velhos dizem que seleccionam medicamentos por não terem forma nem maneira de pagar a ementa dos remédios gourmet das suas eternas maleitas. Entre a doença, as dores e a boca, escolhem o pão, como não?
Olha, José, vê os portões das fábricas a fechar, o presente a definhar.
No nosso País de misérias e angústias, há um rumorejar a borbulhar, José. Ouve-se por toda a parte, até aqui ao pé, no escritório do lado, na mercearia da esquina ou no balcão do café.
Já não é só futebol, José, o penalty que é ou não é.
São conversas fartas, raivas incontidas, vidas fora-de-jogo à espera da reviravolta que nunca vem para quem sempre joga limpo.
Olha, José, vocês aí no alto discutem números, austeridade, a salvação nacional e a saúde da pátria depois do leite derramado. Mas aqui em baixo, no País terra-a-terra e na nação sem parlapié, há gente com défice de crença e paciência para acreditar de novo na sobrevivência.
Não sei, José, que dias virão a seguir.
Um dia, talvez mais cedo do que julgamos, vão juntar-se os deserdados do futuro, a polícia empobrecida e desprestigiada e os que pouco já tinham e agora não têm nada. Nesse momento, juntos, vão encher a praça. E aí, José, uma coisa eu garanto: não vai ter graça.


Miguel Carvalho - Jornalista da Visão
(
http://adevidacomedia.wordpress.com/)

9 de outubro de 2010

Notícias Curtas e Engraçadas

Apartamento fechado há 70 anos guardava quadro que vale milhões: Ao abrir um apartamento no centro de Paris, fechado e intocado há 70 anos, um leiloeiro francês já imaginava que encontraria alguns «tesouros», só não sabia que o sentido seria tão literal. Por baixo de uma espessa camada de pó, Olivier Choppin-Janvry encontrou um quadro desconhecido de Giovanni Boldini, um artista italiano do século XIX. Segundo a agência «France Press», a pintura, que mostra uma mulher em vestido de noite, valerá agora mais de dois milhões de euros.

Mãe de família usa abono dos filhos para aumentar os seios: Uma mulher britânica usou o dinheiro do abono social para pôr silicone nos seios.
"Eu mereço, pois sou uma boa mãe. Ter filhos provocou estragos no meu corpo. Todas as mães deviam fazer cirurgia estética", disse Kelly Marshall, citado pelo «Dailymail».
"Pensava que ao ter filhos os meus seios iam crescer, mas isso não aconteceu e decidi agir", acrescentou.
Kelly nunca trabalhou e tem cinco filhos, de quatro pais diferentes. Recebe cerca de 33 mil euros de abono por ano. De acordo com o «Dailymail», quando muitos pais prevêem apertar o cinto por causa dos cortes anunciados pelo governo, Kelly Marshall planeia economizar para lipoaspiração e abdominoplastia.
"Penso que os meus filhos nunca sentiram falta de nada por nunca ter trabalhado", defende a mãe.

Zoo americano exibe tartarugas... rápidas: O jardim zoológico de Oakland , nos Estados Unidos, tem, desde há cerca de uma semana, três habitantes muito especiais. «Butterworth», «Maple» e «Flapjack» pertencem a uma espécie de tartarugas muito invulgar: além de ser a espécie de tartarugas mais rápidas do mundo, conseguem pôr-se de pé sozinhas, se ficarem deitadas de costas.
As três «tartarugas panqueca», assim é conhecida a espécie, nasceram no zoo de Bronx, em Nova Iorque. Têm uma resistência física acima da média e são capazes de subir superfícies com mais de 30 degraus.
As três nova-iorquinas, recém-transferidas para Oakland, adaptaram-se bem à mudança. Desde que lhes dêem a dose diária de salada fresca, vivem felizes da vida.

Ia pedir a noiva em casamento, mas o anel caiu: Um jovem norte-americano quase estragou um dos melhores dias da sua vida. Trey Turner, de 22 anos, ia pedir a sua namorada em casamento na ponte de Brooklyn, em Nova Iorque, quando deixou cair o anel. Segundo o «Florida Today», os "pombinhos" tiveram muita sorte, porque a jóia ficou presa num andaime de obras e não caiu ao rio. Depois de ter recuperado o anel, lá veio o pedido. E a noiva, Kelsey Kramer, disse que sim.