27 de outubro de 2011

Conselho

Cerca de grandes muros quem te sonhas.
Depois,onde é visível o jardim
Através do portão de grade dada,
Põe quantas flores são os mais risonhas,
Para que te conheçam só assim.
Onde ninguém o vir não nada.

Faz canteiros como os que outros têm,
Onde os olhares possam entrever
O teu jardim como lho vais mostrar.
Mas onde és teu,e nunca o vê ninguém,
Deixa as flores que vêm do chão crescer
E deixa as ervas naturais medrar.

Faz de ti um duplo ser guardado;
E que ninguém; que veja e fite, possa
Saber mais que um jardim de quem tu és-
Um jardim mais ostensivo e reservado,
Por trás do qual a flor nativa roça
A erva tão pobre que nem tu a vês...


Fernando Pessoa

«o poema inicia-se pela introdução de um símbolo: o jardim, que representa o "eu". Pessoa diz-nos que devemos cercar de grandes muros quem nos sonhamos. Ou seja, o nosso interior, o nosso sonho de nós mesmos nunca deve ser revelado aos outros. O exterior deve ser feito só de "flores (...) mais risonhas / Para que te conheçam só assim". Aqui Pessoa pretende dar a conhecer a sua opinião sobre como devemos revelar aos outros em nosso redor quem verdadeiramente somos.
A segunda estrofe reforça a entrada feita pela primeira estrofe: devemos tentar passar despercebidos no mundo exterior, para que ninguém ponha em causa os nossos sonhos. É por isso que ele diz: "Faz canteiros como os que outros têm, / Onde os olhares possam entrever / O teu jardim como lho vais mostrar". Já o interior, o "onde és teu", é uma zona que nunca deve ser revelada. Aí tudo pode crescer livremente - as flores que vêm do chão e mesmo as ervas naturais e selvagens.
A visão dupla da vida - interior e exterior - é adoptada totalmente na terceira estrofe: "Faz de ti um duplo guardado". Há uma aparência completa, um jardim perfeito em forma de máscara absurda, que serve ao homem na sua vida quotidiana; enquanto que no interior tudo é dominado pelo sonho, pelas flores selvagens e pela erva que cresce erraticamente.»

26 de outubro de 2011

«Para algumas pessoas eu não mostro nem metade do que realmente sou.
Não por medo, mas por não valer a pena mesmo.»


William Shakespeare

12 de outubro de 2011

Sou um Evadido

Sou um evadido.
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.

Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Por que não se cansar?

Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte
Oxalá que ela
Nunca me encontre.

Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser.
Viverei fugindo
Mas vivo a valer.


Fernando Pessoa

11 de outubro de 2011

Sísifo

Recomeça…
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.


E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.

Miguel Torga

10 de outubro de 2011

“Na infância, o que se ouve ou o que se vê não sobe para o cérebro. Desce para o coração e aí fica escondido.”

(Humberto de Campos)

6 de outubro de 2011

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.


Drummond de Andrade

5 de outubro de 2011

4 de outubro de 2011

sábado: dia de feira

Bem, no passado sábado tive uma experiência nova: estive a vender numa feira.
Esta feira realizou-se na Sé do Porto e como podem verificar na foto, tinha um ambiente de festa e o calor ajudou a trazer muitas, mas mesmo muitas pessoas até lá. A maioria dos vendedores eram jovens e que estavam a vender coisas/roupas antigas, bijuteria, bolos, bebidas, brinquedos, um pouco de tudo. Houve também música ao vivo e muita animação que nos proporcionou muitas gargalhadas. Foi uma experiência muito engraçada e onde pude também ver os bastidores das feiras, um lado onde por vezes não compreendemos. Nesta iniciativa tivemos também opoertunidade de conhecer pessoas novas e muito simpáticas, algo que me deixa muito feliz!