Cerca de grandes muros quem te sonhas.
Depois,onde é visível o jardim
Através do portão de grade dada,
Põe quantas flores são os mais risonhas,
Para que te conheçam só assim.
Onde ninguém o vir não nada.
Faz canteiros como os que outros têm,
Onde os olhares possam entrever
O teu jardim como lho vais mostrar.
Mas onde és teu,e nunca o vê ninguém,
Deixa as flores que vêm do chão crescer
E deixa as ervas naturais medrar.
Faz de ti um duplo ser guardado;
E que ninguém; que veja e fite, possa
Saber mais que um jardim de quem tu és-
Um jardim mais ostensivo e reservado,
Por trás do qual a flor nativa roça
A erva tão pobre que nem tu a vês...
Fernando Pessoa
«o poema inicia-se pela introdução de um símbolo: o jardim, que representa o "eu". Pessoa diz-nos que devemos cercar de grandes muros quem nos sonhamos. Ou seja, o nosso interior, o nosso sonho de nós mesmos nunca deve ser revelado aos outros. O exterior deve ser feito só de "flores (...) mais risonhas / Para que te conheçam só assim". Aqui Pessoa pretende dar a conhecer a sua opinião sobre como devemos revelar aos outros em nosso redor quem verdadeiramente somos.
A segunda estrofe reforça a entrada feita pela primeira estrofe: devemos tentar passar despercebidos no mundo exterior, para que ninguém ponha em causa os nossos sonhos. É por isso que ele diz: "Faz canteiros como os que outros têm, / Onde os olhares possam entrever / O teu jardim como lho vais mostrar". Já o interior, o "onde és teu", é uma zona que nunca deve ser revelada. Aí tudo pode crescer livremente - as flores que vêm do chão e mesmo as ervas naturais e selvagens.
A visão dupla da vida - interior e exterior - é adoptada totalmente na terceira estrofe: "Faz de ti um duplo guardado". Há uma aparência completa, um jardim perfeito em forma de máscara absurda, que serve ao homem na sua vida quotidiana; enquanto que no interior tudo é dominado pelo sonho, pelas flores selvagens e pela erva que cresce erraticamente.»
27 de outubro de 2011
26 de outubro de 2011
25 de outubro de 2011
24 de outubro de 2011
12 de outubro de 2011
Sou um Evadido
Sou um evadido.
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.
Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Por que não se cansar?
Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte
Oxalá que ela
Nunca me encontre.
Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser.
Viverei fugindo
Mas vivo a valer.
Fernando Pessoa
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.
Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Por que não se cansar?
Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte
Oxalá que ela
Nunca me encontre.
Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser.
Viverei fugindo
Mas vivo a valer.
Fernando Pessoa
11 de outubro de 2011
Sísifo
Recomeça…
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.
Miguel Torga
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.
Miguel Torga
9 de outubro de 2011
6 de outubro de 2011
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Drummond de Andrade
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Drummond de Andrade
5 de outubro de 2011
4 de outubro de 2011
sábado: dia de feira
Bem, no passado sábado tive uma experiência nova: estive a vender numa feira.
Esta feira realizou-se na Sé do Porto e como podem verificar na foto, tinha um ambiente de festa e o calor ajudou a trazer muitas, mas mesmo muitas pessoas até lá. A maioria dos vendedores eram jovens e que estavam a vender coisas/roupas antigas, bijuteria, bolos, bebidas, brinquedos, um pouco de tudo. Houve também música ao vivo e muita animação que nos proporcionou muitas gargalhadas. Foi uma experiência muito engraçada e onde pude também ver os bastidores das feiras, um lado onde por vezes não compreendemos. Nesta iniciativa tivemos também opoertunidade de conhecer pessoas novas e muito simpáticas, algo que me deixa muito feliz!
Esta feira realizou-se na Sé do Porto e como podem verificar na foto, tinha um ambiente de festa e o calor ajudou a trazer muitas, mas mesmo muitas pessoas até lá. A maioria dos vendedores eram jovens e que estavam a vender coisas/roupas antigas, bijuteria, bolos, bebidas, brinquedos, um pouco de tudo. Houve também música ao vivo e muita animação que nos proporcionou muitas gargalhadas. Foi uma experiência muito engraçada e onde pude também ver os bastidores das feiras, um lado onde por vezes não compreendemos. Nesta iniciativa tivemos também opoertunidade de conhecer pessoas novas e muito simpáticas, algo que me deixa muito feliz!
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