24 de março de 2011

O professor primário

«O meu pai era tecelão, a minha mãe ocupava-se da casa e dos campos com os meus avós.
Sempre considerei a profissão de professor a mais bela das profissões. Certamente a influência da minha família foi preponderante nesta escolha: 1º, porque os meus pais eram pouco instruídos (e os meus avós analfabetos), falavam-me sempre dos benefícios da instrução [...]; 2º, tal como os meus pais, considerava invejável a profissão de professor, porque o ordenado era seguro e me parecia suficiente, enquanto na nossa casa debatíamo-nos com poucos ganhos; 3º, ainda, pensava sobretudo na dureza dos trabalhos rurais no Verão, no meu pai puxando sem descanso a lançadeira num canto da cavalariça, a tecer os panos, de tal modo que passei a considerar o professor um privilegiado e a sua profissão pouco fatigante (mudei de opinião depois!).»
Testemunho citado em J. Ozouf, 1993 - Nous, Les Maîtres d'École, Paris, Gallimard

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